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  • Denise B. P. Jorge.

Por que eu não sonho?

Atualizado: 21 de jun. de 2021


É comum, quando perguntamos a uma pessoa: “Você se lembra de seus sonhos?” recebermos como resposta: “Não, eu não sonho”. Mas na verdade, todos sonhamos.


A atividade onírica está muito relacionada à qualidade do sono. O sono normalmente passa por várias fases, desde as mais leves até as mais profundas, denominadas sono REM, aquele momento de sono pesado durante o qual é bem difícil ser acordado. É nessa hora que os sonhos acontecem.


A cada noite, vivenciamos cerca de 5 a 6 etapas de sonho REM, e elas duram cerca de 90 minutos cada. Então, há muito tempo para sonhar. Sonhamos muito. Se sonhamos tanto, por que muitos de nós afirmam que não sonham? Isso acontece porque um sonho só é retido na memória e trazido para a consciência quando o sonhador acorda durante o sonho ou em até 10 minutos após o sonho terminar. É por isso que, frequentemente, nos lembramos apenas do último sonho, isso na condição de acordarmos logo depois de termos sonhado.


Ilustração: Célia Barros

Então, como explicar os dias em que acordamos de manhã nos lembrando de vários sonhos? Há noites em que acordamos várias vezes. Se isso ocorre logo depois de termos sonhado, poderemos nos lembrar dos vários sonhos ocorridos.


Mas por que muitas pessoas não conseguem se lembrar de seus sonhos? Há algo que se possa fazer para ajudar a nos lembrarmos de nossos sonhos? Quantas vezes acordamos, pela manhã ou no meio da noite, com a lembrança viva de um sonho e em pouco tempo o perdemos?


Embora a intencionalidade da consciência não tenha controle sobre o processo de sonhar, que é da alçada do inconsciente, pequenas mudanças de atitude diante do sonho podem favorecer a recordação. A primeira delas se refere ao desejo de recordar, que pode ser manifestado pelo sonhador quando ele se prepara para dormir, numa espécie de ritual de entrada no mundo dos sonhos. Um ato simples como deixar um caderninho, um gravador ou o bloco de notas do celular na mesinha de cabeceira, pode fazer parte desse ritual. Assim que acordar, quer seja no meio da noite ou logo ao abrir os olhos pela manhã, o sonho poderá ser registrado, com todos os detalhes possíveis. O costume de contar os sonhos durante o café da manhã, que faz parte do cotidiano de algumas pessoas, também pode favorecer a lembrança dos sonhos.


Como disse Hillman,“é preciso arte, não para sonhar, mas para lembrar dos sonhos”.

Denise B. P. Jorge. Psicóloga e Analista Junguiana.

Mestre e Doutora em Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da USP.


Referências:

Callois, Roger; Grunebaum, G.E. Von (Org.). O sonho e as sociedade humanas. Rio de Janeiro: F. Alves, 1978.

Hillman, James. O sonho e o mundo das trevas. Petrópolis: Vozes, 2013.

Von Franz, Marie Louise; Boa, Fraser. O caminho dos sonhos. São Paulo: Cultrix, 1990.

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